"Recordo-o ainda...
Meu pai era um homem alegre, gostava de curtir os filhos e adorava os fins de semana em família, sempre junto com os amigos.
E ele os tinha sempre por perto, os filhos, somos dois, sempre aos domingos nos reuníamos a mesa, era como se fosse um ritual, todo domingo tinha frango assado com batatas, arroz branco, feijão e verduras, com um refrigerante bem gelado e pra variar alguns programas de costume na tv...
Sempre alegre, mesmo com seus problemas de saúde, nada o abatia facilmente, aquele olhar com um tal brilho, via a vida simplesmente como deveria ser vivida.
Cheio de vida, era assim, o meu pai, que de costume o trabalho era seu compromisso, muito trabalhador, e muito vivido também.
Tê-lo em casa era muito bom, era uma referência, um ícone, família completa, isso completava nossos dias com manhãs de muito sol e céu claro, sessão da tarde e um desfecho de um dia maravilhoso.
Acordávamos e logo íamos procurar por ele, é claro que a mamãe sempre por perto, e que nós adorávamos passear de carro com ele, nos levava a lugares legais, por mais que eram lugares que ele estava costumado a ir, para nos era prazeroso.
Adorávamos ir para a fazenda de um tio-avô, foi uma infância maravilhosa, lá ele nos ensinava tudo, como fazer um estilingue, uma flecha, passeios na mata com histórias que nos deixavam amedrontados as vezes, legal, a noite montávamos uma barraca, isso era demais, tudo era demais.
Quando mais tarde, sua pesca veio a tona, os finais de semana eram no rancho, e que finais de semana, eu aprendi muitas coisas, entre elas a limpar um peixe e temperá-lo, também aprendi a me virar sozinho na mata, o que meu pai fazia muita questão, sempre solicitava minha ajuda nas muitas tarefas, o que hoje sou orgulhoso, e um eterno aprendiz..
Meu pai! Quantas saudades! Ele não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro.
Não tinha religião mas acreditava e temia a Deus como todos homem.
Constituíra família cedo e logo dois filhos tivera, sempre dava o máximo de si, do mesmo jeito que gostava de aproveitar a vida, sempre dando o máximo de si.
Acompanhava nossa educação a ferro se fosse preciso, mas isso era mais pra nossa mãe, que sempre trabalhou na educação, e assim ela cuidou de seus filhos, que hoje, ora, são grandes profissionais, e homens realizados..
Ensinou-nos que a honestidade e a verdade andam juntas, que a simplicidade era coisa da alma.
Viveu no tempo em que a palavra de um homem bastava, assim era meu pai, homem de palavra, e eu o via desta forma, sempre sincero e integro, não se desviava por nada.
Legou-nos um nome honrado e que nós o honramos como deveria, vivendo a vida com muita alegria, muito trabalho e com a família.
Olhava para mim com os olhos que hoje olho para meu filho, um amor indescritível, e que hoje sei descrever certamente cada sentimento que envolvia aquele olhar.
Veraz minha vida através dos seus olhos, bem como verei a sua atraves dos meus.
Ele não conheceu seus netos. Partiu para a Espiritualidade, deixando-nos um grande silêncio n'alma.
Em homenagem a ele, sempre relembro e fico sorrindo sozinho, me esqueço de dificuldades, as que vivemos e as que vivo, pois a vida só vale a pena se for vivida plenamente, com muita alegria.
A vida é dura, mas nós a podemos adoçar, se quisermos, e assim ele o fazia.
Em um certo momento da vida, o filho se torna o pai e o pai se torna o filho, momento de compreenção, carinho, dedicação, amor, o tempo é curto demais, acredite!
Meu pai, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente nesta época em que os pais são recordados pelos filhos com veemência pela união da família e que os brindam com presentes.
Nós te oferecemos nossa prece pela nossa gratidão: Obrigado por nos acompanhar até onde deu, e nos mostrar tudo que podes, seu sorriso é eterno em minhas lembranças, seu cheiro, seu carisma, seu entusiasmo, suas gargalhadas e até mesmo suas preocupações de pai, as quais compartilho hoje.
Obrigado, e espero ter lhe deixado feliz por tentar ser melhor a cada dia da minha vida.